quarta-feira, 25 de abril de 2012

O Rei vem - a política de Jesus


Mc 12.13-17

13Mais tarde enviaram a Jesus alguns dos fariseus e herodianos para o apanharem em alguma coisa que ele dissesse. 14Estes se aproximaram dele e disseram: "Mestre, sabemos que és íntegro e que não te deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes à aparência dos homens, mas ensinas o caminho de Deus conforme a verdade. É certo pagar imposto a César ou não? 15Devemos pagar ou não?"
Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, perguntou: "Por que vocês estão me pondo à prova? Tragam-me um denário para que eu o veja". 16Eles lhe trouxeram a moeda, e ele lhes perguntou: "De quem é esta imagem e esta inscrição?"
"De César", responderam eles.
17Então Jesus lhes disse: "Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
E ficaram admirados com ele.

O Reino de Deus é uma realidade que abrange todas as áreas da vida humana. Talvez seja por isso que ele seja tão deturpado. As pessoas olham para Jesus e veem em seu discurso, seus atos e sua Igreja a exemplificação de algum modelo sociopolítico. Como uma conhecida minha, que disse ter se tornado “cristã”, por acreditar que o “cristianismo” era um caminho para o comunismo. Não desprezo suas boas intenções, mas quando olhamos para este texto, somos forçados a ver o caminho de Jesus como algo completamente diferente de quaisquer propostas que já tenhamos ouvido.
Diferente da minha conhecida, os herodianos e fariseus tinham uma intenção bem diferente: para o apanharem em alguma coisa que ele dissesse. (v.13). Eles bajulam Jesus a fim de desarmá-lo e lançam seu problema, que, em outras palavras, é: sujeitar-se ao governo romano está de acordo com a Lei de Moisés ou não? Devemos abaixar nossas cabeças, como os herodianos faziam, ou nos colocar contra, como os zelotes? [os zelotes eram uma espécie de revolucionários contra Roma]. Caso fosse a favor do imposto, os fariseus incitariam o povo contra Jesus, dizendo que ele apoiava os inimigos do povo judeu; caso fosse contra, os herodianos iriam até Pilatos e diriam que Jesus estava começando uma revolta.
Assim, a armadilha era aparentemente inescapável. Mas Jesus, como um excelente jogador de xadrez, vira o jogo ao mesmo tempo em que os coloca em xeque-mate. Ele muda o foco da sujeição ou não a Roma, para a sujeição ou não a Deus. Isso fica claro, quando entendemos que a palavra imagem (v.16) é a mesma que a usada em Gn 1.26, quando Deus diz: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Ao considerarmos isso juntamente à possível tradução da palavra deem (v.17) como “devolvam”, podemos entender duas coisas: 1º César pode exigir tributo, porque a sua imagem está na moeda (ela lhe pertence); 2º Deus pode exigir sujeição absoluta de qualquer pessoa, porque a Sua imagem está em todos os seres humanos. Nosso dever então é dar a cada um aquilo que é lhe devido, na proporção correta, respeitando a hierarquia estabelecida: obediência e serviço às autoridades até o momento em que nos exigem que façamos o que Deus nos proíbe ou nos omitamos daquilo que Ele nos ordena (Rm 13.1-7).
Assim, Jesus Cristo, o Senhor, chama a todos nós, em primeiro lugar, à sujeição a Deus. Isso quer dizer lutar pela manifestação do Reino de Deus na terra, o qual abrange todas as necessidades do homem. Antecipando as nossas confusões quanto a este aspecto, o Pacto de Lausanne (1974) afirma:
Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sóciopolítico são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda a forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam.
Gosto desta visão, pois ela não inferioriza, nem supervaloriza os aspectos sociopolíticos da missão cristã. Também não transforma a política em um meio de moralização da sociedade (o que parece ser a única motivação dos cristãos brasileiros ao envolvimento político-social).
A moralização dos homossexuais ou da gravidez indesejada talvez sejam nossas únicas lutas (desprezando, por exemplo, a luta contra a corrupção e a miséria, por punições mais graves contra a pedofilia e o turismo sexual) porque nosso amor por nosso próximo é muito pequeno (como também a nossa obediência a Jesus Cristo), ao passo que o nosso desejo de vivermos num país “crente” é muito grande (o que nos deixaria muito confortáveis, pois não precisaríamos nos posicionar em relação nada ou ninguém).
Nem deixa de nos chamar ao nosso dever para com o próximo. Pois ao nos lembrar do aspecto sociopolítico da missão (sem negar o evangelismo), faz-nos ver que devemos promover uma ação contra tudo o que aliena, oprime e discrimina o ser humano. Paul Freston, no livro Religião e política, sim. Igreja e Estado, não., após nos lembrar que certas causas do sofrimento são políticas, afirma: A solução para os problemas políticos é sempre política. A solução para a má política é a boa política, e para a má espiritualidade é a boa espiritualidade. Com esta última frase o autor nos lembra que a política não é um caminho infalível para a corrupção do político. Ele continua: Quando as implicações sociais do evangelho não são ensinadas, dificilmente os convertidos, por mais numerosos que sejam, transformarão a sociedade.
Além disso, tem como proposta a obediência a Jesus Cristo e não a implantação de um regime político específico. Pois há muitos que acreditam que a solução para trazer o Reino de Deus ao mundo é implantar a democracia, o comunismo ou o anarquismo etc. É certo que há elementos nestas formas de governo que se assemelham a valores cristãos. Mas eles não são o Reino de Deus. Pois a obra de Jesus é muito maior, mais profunda e abrangente, eficaz e transformadora que quaisquer invenções humanas. Ela é um ato divino no mundo, que atinge o pecado, afetando o ser humano em toda a sua relação consigo, com seu próximo, sua cultura, com o meio em que vive e com seu criador. Por isso, a teocracia no Antigo Testamento estava igualmente em exercício na vida patriarcal do clã de Abraão, na organização tribal sob a liderança de Moisés, na “tirania” dos juízes, na monarquia de Davi e no governo de Neemias (mesmo sendo sustentado economicamente por uma superpotência pagã como a Babilônia). Além disso, devemos estar atentos à tentação “diabólica” que C.S. Lewis expõe no livro Cartas de um diabo a seu aprendiz, e que é chamada pelo diabo de “cristianismo e...”: cristianismo e a causa ambiental, cristianismo e comunismo, cristianismo e a Reforma Ortográfica... Pois toda vez que colocamos algo como complementar à fé cristã, nós a adulteramos. O mesmo vale para o Reino de Deus.
Assim, a questão não gira em torno da adesão a um movimento político ou do isolamento; mas sim de se sujeitar ou não a Deus, como indivíduos, famílias, comunidades e sociedade, vivendo de acordo com os valores do Reino de Deus expressos em Sua Palavra. A realidade social muda não ao lutarmos por uma estrutura política específica, mas pela sujeição a Deus, que nos leva a amar o próximo, a odiar a corrupção e a degradação de toda criação de Deus, a buscar constantemente a justiça...
Como exemplo disso, encerro com um relato sobre Abraham Kuyper, Primeiro Ministro holandês, cristão:
Num discurso no Parlamento, estreando como deputado, Kuyper defendeu a elaboração de um código de leis que protegessem o trabalhador, quando nenhum país do mundo tinha tais leis. Em seguida, tirou do bolso um Novo Testamento e leu: “Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão. Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando” (Tg 5.1,6). O parlamento ficou escandalizado. Em seguida, Kuyper afirmou: “Se eu mesmo tivesse falado tais palavras, as quais lhes parecem radicais e revolucionárias, teriam se oposto. Mas foram escritas por um apóstolo do Senhor. Como pode, pois, alguém confessar Cristo e não defender o trabalhador quando reclama?”.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Rei vem - restauração para a obediência


Vimos na semana anterior que Jesus entrara no templo e o purificara. No dia seguinte, ao voltar ao templo, Jesus teve sua autoridade questionada pelos “chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos” (Mc 11.27-33). Após deixar seus inquiridores sem resposta, Ele conta a seguinte parábola:

Mc 12.1-12
1Então Jesus começou a lhes falar por parábolas: "Certo homem plantou uma vinha, colocou uma cerca ao redor dela, cavou um tanque para prensar as uvas e construiu uma torre. Depois arrendou a vinha a alguns lavradores e foi fazer uma viagem. 2Na época da colheita, enviou um servo aos lavradores, para receber deles parte do fruto da vinha. 3Mas eles o agarraram, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias. 4Então enviou-lhes outro servo; e lhe bateram na cabeça e o humilharam. 5E enviou ainda outro, o qual mataram. Enviou muitos outros; em alguns bateram, a outros mataram.
6"Faltava-lhe ainda um para enviar: seu filho amado. Por fim o enviou, dizendo: 'A meu filho respeitarão'.
7"Mas os lavradores disseram uns aos outros: 'Este é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e a herança será nossa'. 8Assim eles o agarraram, o mataram e o lançaram para fora da vinha.
9"O que fará então o dono da vinha? Virá e matará aqueles lavradores e dará a vinha a outros. 10Vocês nunca leram esta passagem das Escrituras?
" 'A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular;
11isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós'
12Então começaram a procurar um meio de prendê-lo, pois perceberam que era contra eles que ele havia contado aquela parábola. Mas tinham medo da multidão; por isso o deixaram e foram embora.

Estes dias atrás, ouvi sobre um pastor que começara uma nova igreja. Ele saiu da igreja antiga porque estava perdendo “seu espaço” para outro pastor. Situações como esta nos levam a perguntar: quando dizemos que somos servos de Deus, a quem estamos realmente servindo? A Ele ou a nós mesmos?
Neste texto encontramos uma parábola dirigida contra aqueles que deveriam servir a Deus, mas que estão buscando seus próprios interesses. Ao final do texto, é dito que os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos perceberam que era contra eles que Jesus contara aquela parábola. Esses três grupos compunham o Sinédrio, o órgão responsável pela religião em Jerusalém. Assim, poderíamos dizer que foi contra o Sinédrio que Jesus contou esta parábola. Porém, da mesma forma que a figueira em Mc 11 [ver o artigo anterior], a ação de Deus matando os lavradores e dando a vinha a outros (Mc 12.9) tem seu cumprimento prefigurado em Mc 13, quando Jesus anuncia que todo o povo de Jerusalém sofrerá o ataque romano. Por isso, podemos dizer que ainda que os lavradores são os membros do Sinédrio, todo o povo judeu está sob o risco de ser lançado fora da vinha. Desta forma, percebemos que esta parábola não deve ser lida apenas contra os nossos líderes atuais, mas contra qualquer um de nós que se declara cristão.
Nesta parábola vemos um homem que prepara uma vinha, a qual era um símbolo do povo de Israel, tal como em Isaías 5, que fala de Deus como alguém que cavou, plantou as melhores videiras e construiu uma torre de vigia (imagens semelhantes às de Mc 12.1). Lá é dito que a vinha do Senhor dos Exércitos é a nação de Israel, e os homens de Judá são a plantação que ele amava. Ele esperava justiça, mas houve derramamento de sangue; esperava retidão, mas ouviu gritos de aflição (v.7). Essa imagem também é usada em Oséias 10, que diz que o povo se desviou e que dirá "Não temos nenhum rei porque não reverenciamos o Senhor. Mas, mesmo que tivéssemos um rei, o que ele poderia fazer por nós?" (v.3). Assim, o juízo de Deus cairia sobre o povo. No entanto, Os 4.6,14 diz que os líderes eram os principais culpados: Meu povo foi destruído por falta de conhecimento. Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos [...] um povo sem entendimento precipita-se à ruína! Essa ênfase também está presente na parábola de Jesus, na qual a vinha é arrendada a lavradores que devem cuidar dela na ausência do dono e dar os frutos no tempo da colheita (situação comum naquela época).
Mas o que vemos é que os lavradores espancam e matam os servos do dono da vinha, além de mandarem o primeiro sem quaisquer frutos. Para alguns, as mãos vazias seriam sinal de que a vinha não deu quaisquer frutos (assim como a figueira de Mc 11); ou seja, o povo judeu não demonstrou com seu comportamento que era o povo de Deus, agindo de modo reprovável, tal como nos textos de Isaías e Oséias citados anteriormente. Além disso, vemos a perversidade sempre crescente dos lavradores que batem, humilham e matam os servos (como o povo de Israel fez com os profetas de Deus ao longo do AT) e chegam ao cúmulo de matarem o filho amado, lançando-o fora da vinha (assim como Jesus, o filho amado – Mc 1.1,11; 9.7 – foi morto fora de Jerusalém), pois desejam a vinha para si. De fato, uma terra sem herdeiros era considerada naquela época como “terra de ninguém”, o que faz com que aqueles que a possuem de fato, tenham plenos direitos sobre ela.
Por isso, podemos ver que nem a vinha/ o povo presta, pois não produz os frutos (a obediência) que Deus deseja, nem os lavradores/ líderes, porque rejeitam o Senhor da vinha, a medida em que rejeitam, maltratam e matam os profetas que Ele enviava, como também o Seu próprio Filho.
Diante disso, Jesus pergunta, O que fará então o dono da vinha? (v.9). Ele a retomará para que a obediência seja restaurada. Assim, podemos dizer que Deus restaura o Seu povo para a obediência.
Os versículos 9-11 dizem que Ele faz isso de duas formas.
A primeira é que Deus condena aqueles que rejeitam o senhorio de Jesus.
É o que vemos no v. 9: Virá e matará aqueles lavradores. Isso acontece porque rejeitaram Jesus (que é a pedra que os construtores rejeitaram). Isso fica mais claro quando vemos que  começaram a procurar um meio de prendê-lo (v.12), como se estivessem começando a cumprir o v.8, eles o agarraram.
Assim, vemos que Deus procederá da mesma forma que sempre agiu com Seu povo no AT, quando condenou reis e rainhas que O rejeitaram, como Jezabel, que adorava deuses pagãos e tentou diversas vezes matar o profeta Elias; ou mandou seu povo para o exílio, por rejeitarem a mensagem dos Seus profetas e os perseguirem, como fizeram com Jeremias que chamava o povo ao arrependimento. Da mesma forma no Apocalipse em que todos os covardes (que escolheram não sofrer por Jesus), os incrédulos, os depravados, os assassinos (lembrando que Jesus inclui aí aqueles que odeiam o seu próximo), os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras (sendo que idolatria é colocar algo acima de Deus), e todos os mentirosos – o lugar deles será o inferno (Ap 21.8).
Mas Jesus não diz isso para colocar medo nas pessoas. É certo que o julgamento vem, como em Mc 13, mas o final desta parte de Marcos (Mc 13.32-37) é um chamado ao arrependimento, através da ordem para que vigiem (mantenham-se no caminho certo), pois não saberão quando seu Senhor virá. Assim, Jesus quer que eles se arrependam, após a morte e ressurreição dEle, a fim de não serem condenados.
Pois muitos parecem dedicados a Deus, mas vivem desobedecendo-O: tendo relações sexuais fora do casamento, sonegando impostos, mentindo, odiando o próximo e usando a religião como fonte de lucro ou boa reputação. Mas estes não permaneceram na Igreja de Deus.
E tal situação muitas vezes começa a ocorrer antes mesmo de morrermos. Como no caso de uma moça, que evangelizou muitas pessoas, pastoreou muitas outras, mas que hoje mora com um rapaz com quem não é casada, sendo que ambos não querem saber de Deus. Por isso, retomo a pergunta do começo: quando dizemos que somos servos de Deus, a quem estamos realmente servindo? A Ele ou a nós mesmos? Porque podemos fazer muito para a obra de Deus, mas se não vivemos de acordo com seus mandamentos, não podemos chamá-Lo de Senhor, como Jesus diz em Mt 7.21-23: "Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?'Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!
Da mesma forma nós não podemos esperar salvação caso não o obedeçamos em seus mandamentos. Se vivermos assim, mesmo que pareçamos muito religiosos, ou servindo muito à obra de Deus, seremos rejeitados por Ele.
Porque Deus condena aqueles que rejeitam o senhorio de Jesus.
Mas Deus não faz apenas isso. O que nos leva à segunda forma pela qual Deus restaura o seu povo para a obediência.
Deus cria um povo obediente a partir de Jesus.
Pois diz os v. 9-11: dará a vinha a outros. Vocês nunca leram esta passagem das Escrituras?" 'A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós'. Assim, Deus cria um povo substituto. É isso que Ele quer dizer com dará a vinha a outros. Foi isso que Ele fez quando chamou Abrão da casa de seu pai Terá (o qual era idólatra segundo Js 24.2); quando substituiu os filhos corruptos do sacerdote Eli por Samuel (1Sm 3.10-4.1); sempre que prometia um remanescente após o exílio (como em Is 6, que diz que Deus cortaria o povo de Israel, como se corta uma árvore, mas que restaria um toco, e, dele, nasceria uma nova árvore/ um novo povo). E é isso que Deus fez com a Igreja, trazendo os gentios (não judeus) e dando a eles a Sua vinha, como diz 1Pe 2.7-10: Portanto, para vocês, os que crêem, esta pedra é preciosa; mas para os que não crêem, "a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular" e, "pedra de tropeço e rocha que faz cair" Os que não crêem tropeçam, porque desobedecem à mensagem; para o que também foram destinados. Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.
É interessante que esse texto que Jesus citou faz parte do mesmo Salmo (118) que o povo citou quando, ao verem Jesus entrando em Jerusalém sobre um jumentinho, disseram "Hosana!" "Bendito é o que vem em nome do Senhor!" "Bendito é o Reino vindouro de nosso pai Davi!" (Mc 11.9-10). Quando a multidão disse isso, pensava que Jesus era o rei-salvador enviado por Deus que traria o Reino de Deus [ver o primeiro artigo da série]. Mas o que eles não entendiam é que seria necessário que Deus retirasse o que estava corrompido (como fez na purificação do templo), a fim de estabelecer algo novo e bom (a Sua Igreja).
Ele faz isso através de Jesus, como Pedro disse na citação acima e como disse diante do mesmo Sinédrio, em At 4.11 e 12, Este Jesus é "'a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra angular' Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos". Assim, se Jesus é condenação para os que o rejeitam, é também salvação e misericórdia de Deus para os que se arrependem e O buscam.
Por isso, nos alegremos! Há a possibilidade de Deus nos restaurar para que o obedeçamos, pois o dono da vinha, ou da Igreja se preferirmos, é o mesmo Deus que mandou Jesus para morrer na cruz e ressuscitar, a fim de termos o perdão dos pecados e nos tornarmos seu povo obediente. Isso fica claro quando se sabe que a palavra dono do v.9 é a mesma SENHOR do v. 11 – isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós'. Assim não temos um Deus mau, mas um Deus misericordioso que não tolera o pecado e a desobediência, mas, através de Jesus, salva pessoas, fazendo delas um povo obediente.
Para sermos esse povo, nós precisamos nos arrepender de nossa rebeldia e nos ligar a Ele através da obediência aos seus mandamentos, os quais nós encontramos em Sua Palavra, que nos torna um “povo com entendimento” (ao invés do povo de Oséias 4 que perecia pela “falta de entendimento”). Se agirmos assim, seremos a Igreja de Deus.
Pois a maioria das pessoas nunca ouviram falar dos docetistas, que diziam que Jesus não tinha corpo, mas todos sabem quem é o apóstolo João que disse em 1Jo 1.1: O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam - isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. Da mesma forma, aqueles que pregavam a venda de indulgências como um passaporte para o céu e que enforcavam as pessoas que oravam em nome de Jesus (e não de Maria) foram esquecidos, mas todos conhecem o nome de Lutero, Calvino e John Knox, que pregavam a Jesus Cristo como Salvador e Senhor da Igreja, sendo a sua teologia as bases da fé de inúmeras pessoas.
Aconteceu assim porque Deus cria um povo obediente a partir de Jesus.
Concluindo, temos visto muitas pessoas que parecem cristãs, mas não servem a Deus. Aos desobedientes Deus condena, mas dos que se arrependem, Deus faz um povo obediente por meio da salvação em Jesus. Desta forma, Deus restaura o Seu povo para a obediência. Portanto, nos arrependamos e sejamos obedientes a Ele de acordo com os Seus mandamentos contidos na Sua Palavra, para que, dessa forma, sejamos o Seu povo.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Rei vem - restauração para a oração


Retomando a série iniciada há duas semanas, buscaremos entender as implicâncias de termos Jesus como nosso Rei. Tendo observado o que isto significa para o mundo, voltamos nossos olhos para o que isto significa para a Sua Igreja.

Mc 11.12-26

12No dia seguinte, quando estavam saindo de Betânia, Jesus teve fome. 13Vendo à distância uma figueira com folhas, foi ver se encontraria nela algum fruto. Aproximando-se dela, nada encontrou, a não ser folhas, porque não era tempo de figos. 14Então lhe disse: "Ninguém mais coma de seu fruto". E os seus discípulos ouviram-no dizer isso.
15Chegando a Jerusalém, Jesus entrou no templo e ali começou a expulsar os que estavam comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas 16e não permitia que ninguém carregasse mercadorias pelo templo. 17E os ensinava, dizendo: "Não está escrito: "
'A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos'.
Mas vocês fizeram dela um 'covil de ladrões'.
18Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei ouviram essas palavras e começaram a procurar uma forma de matá-lo, pois o temiam, visto que toda a multidão estava maravilhada com o seu ensino.
19Ao cair da tarde, eles saíram da cidade.
20De manhã, ao passarem, viram a figueira seca desde as raízes. 21Pedro, lembrando-se, disse a Jesus: "Mestre! Vê! A figueira que amaldiçoaste secou!"
22Respondeu Jesus: "Tenham fé em Deus. 23Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: 'Levante-se e atire-se no mar', e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito. 24Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá. 25E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados. 26Mas se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus não perdoará os seus pecados.

Não é surpresa para ninguém, hoje em dia, a relação entre algumas igrejas e a busca por vantagens pessoais de seus líderes, gerando a exploração ou manipulação de seus membros. Mas um anúncio de um jornal mostra que o pouco caso com aqueles que buscam a Deus podem chegar a extremos:
Embora a passagem de Marcos não chegue a mostrar algo tão absurdo, nem por isso mostra que os religiosos da época de Jesus tinham maior apreço pelos que buscavam a Deus. Pois embora não vendessem os seus fiéis, nem por isso viam-nos com os olhos amorosos de Deus.
Para início de conversa, é preciso entender que os textos sobre a figueira e sobre a “purificação do templo” estão interligados. Como num sanduíche, o que está no meio (o recheio) é mais importante do que o que está nas bordas (o pão). Assim é preciso olhar ambos, dando maior ênfase ao que aconteceu no templo.
Vemos que Jesus procurou figos numa figueira com muitas folhas. Naquela região, as figueiras começam a apresentar suas folhas em março/ abril e após estarem cheias de folhas (em junho), começam a dar frutos. Porém, esta figueira já possui folhas antes de sua época. Possui a aparência de ter frutos, mas quando Jesus procura algum, nada encontra.
Da mesma forma no templo. Jesus entra nele procurando uma casa de oração para todos os povos da terra (frutos), mas não encontra nada disso. Ao contrário, o que viu foram os mercadores no átrio dos gentios (não judeus), tornando aquilo que deveria ser um local de oração a Deus num açougue.
Além da exploração que ocorria naquele lugar, tal situação demonstrava a total indiferença à busca desses gentios pelo Deus “de Israel”. O cheiro, o barulho, o comércio abusivo e o vai-e-vem intenso eram um empecilho à adoração. Ao invés de localizar esse mercado fora do templo, montava-se dentro dele, provavelmente visando às vantagens econômicas de se ter uma barraca onde o movimento é maior.
Tal indiferença acontecia por causa de uma mistura de elitismo do povo judeu (o qual se via como o povo exclusivo de Deus) e por seu preconceito derivado da opressão romana sobre eles. Assim, apesar de permitirem algum culto e oração dentro do templo, os judeus consideravam os gentios como um povo a quem não se devia dar qualquer consideração em relação a Deus.
Diante de tal situação, a reação de Jesus é dupla. Em primeiro lugar, há uma indicação de julgamento, simbolizada na maldição sobre a figueira. Esta tem a ideia de ser irreversível: ninguém mais coma de seu fruto. Estende-se a todo o povo, quando Jesus fala do ataque romano contra Jerusalém, que acontecerá em 70 d.C. (Mc 13), e depois às igrejas locais, conforme Ap 2.5, 16 e 3.3, nos quais Jesus promete varrer tais igrejas do mapa, caso neguem-se a se arrepender.
Porém a reação no templo mostra um processo de restauração, que é a verdadeira ênfase do texto. Pois embora o povo judeu (e algumas igrejas) deixe de ser “a casa de oração”, Jesus prepara uma nova casa para cumprir seus propósitos no mundo.
Assim, essencialmente, vemos que Jesus restaura o seu povo, a fim de que ele seja um “local de acolhimento” para todos os que O buscam.
É por esta lente que devemos ver sua ação no templo. Lá, Jesus purifica o seu povo para que, através dele, as pessoas tenham acesso a Deus.
Antes de tudo, é preciso ver a generosa graça de Deus aqui. Como a figueira sem frutos, assim era aquele povo. Assim o destino deles deveria ser o mesmo que o da figueira. Porém, a extinção do povo de Deus significa a ausência do testemunho do SENHOR e do favor divino a todos os povos através do povo de Deus (Gn 12.3, quando Deus diz a Abraão: por meio de você todos os povos da terra serão abençoados). Por isso, Jesus precisa purificá-lo. Pois, com seus mercadores, o templo tornou-se um covil/ esconderijo de ladrões (v. 17).
Esta acusação é uma citação de Jeremias 7.15, quando o profeta acusa o povo de Israel de adorar outros deuses e explorar o órfão e a viúva. Neste contexto, Deus promete expulsá-los de sua presença.
Isto porque Deus separou o povo de Israel para ser um povo que o buscasse com toda sinceridade e com todo seu ser e demonstrasse isso ao se preocupar com os necessitados de quaisquer nacionalidades e ser um local chamado de “casa de oração” por pessoas de todos os povos (conforme a profecia de Isaías 56.7, citada no v. 17).
Assim, o povo da época de Jesus era indiferente à oração dos gentios necessitados da compaixão de Deus, tornando o seu local de clamor um local de exploração religiosa com aparência de santidade.
Diante disso, a reação de Jesus é remover esta “sujeira”. Tal como Neemias (Ne 13.4-9) lançou fora do templo os móveis do pagão Tobias, assim também Jesus expulsou os mercadores e impediu o trânsito dos carregadores. Vale a pena ressaltar que as palavras “expulsou” e “não permitia” (v.15 e 16) são usadas por Marcos para descrever respectivamente o exorcismo (Mc 3.14) e a autoridade de Jesus sobre os demônios (Mc 1.34). Assim, ao comparar a ação mercantil à diabólica, vê-se que Jesus purificou o Seu templo de algo extremamente danoso ao projeto de fazê-lo “casa de oração para todos os povos”.
Tal purificação tem em vista o desejo de Jesus de que todos os oprimidos, sofredores e necessitados voltem-se a Ele em oração, clamor e súplicas. Por isso, apesar da destruição de Jerusalém por Roma em 70 d.C., o Seu povo continua na igreja, que deve ser esse local de oração, onde quaisquer pessoas podem encontrar Deus e serem ouvidas por Ele.
Mas, como povo de Deus, não poderemos participar deste misericordioso projeto divino, caso afastemos as pessoas de Deus, seja ao explorá-las, seja ao sermos indiferentes a elas. Pois há igrejas hoje que usam o sofrimento das pessoas como fonte de lucro, prometendo bênçãos tão grandes quanto o esvaziamento de suas carteiras e contas bancárias. Também há aquelas indiferentes aos marginalizados ou considerados inferiores por não serem crentes, ou por serem pobres, incultos, afeminados ou sujos. Tais igrejas acolhem de forma maravilhosa os visitantes ricos, eminentes e agradáveis, à medida que excluem os “incômodos”, têm um orçamento grande para o culto e para as despesas internas, mas dão migalhas à pregação do evangelho e à ação social aos de fora, sobretudo os carentes. E há também aquelas igrejas que agem como as freiras do filme “Diários de Motocicleta”, as quais só ofereciam alimento material àqueles que ouviram sua evangelização; manipulando o necessitado com assistencialismo a fim de inculcar-lhe o seu discurso.
Talvez devêssemos lembrar que foi justamente quando a Igreja Católica (que, como todas as outras denominações cristãs, possui suas manchas históricas) cobrava indulgências para construir a Basílica de São Pedro, que Deus levantou Lutero, para aproximar o povo alemão de Deus e de Sua Palavra.
Tal ação de reforma dentro de nossas igrejas nos levará ao mesmo tipo de oposição e questionamento que Jesus sofreu (v.18 e 27-33). Mas, se quisermos ser usados por Deus para abençoar pessoas, devemos nos livrar de todo tipo de interesse próprio, manipulação religiosa ou indiferença em relação ao sofrimento alheio. Deveremos dedicar a maior parte de nossos orçamentos aos sofredores, bem como nosso tempo, oração e dedicação.
Isto porque Cristo quer cuidar destes desamparados da fé, dando-lhes um povo que os escute, os aproxime dEle e interceda por eles, que seja o seu local “de encontrar Deus, Sua voz e Seu amor”. Uma igreja que reconheça, tal como Bonhoeffer disse, que só poderá declarar-se Igreja de Jesus, quando viver para os de fora. Para isso, Jesus a restaura de toda sorte de impurezas, interesses próprios ou indiferença, para que ela viva como um canal do Seu amor e acolhimento.
Isso pode ser mais simples do que pensamos. Em A assinatura de Jesus, Brennan Manning nos conta sobre Dominique Voillaume. Após descobrir um câncer, Dominique, um padre de 54 anos, deixou sua comunidade e passou a morar num cortiço de Paris, sustentando-se como guarda noturno. Todos os dias, antes de voltar para casa, ele gostava de sentar-se num parque, tendo como companhia os vadios, bêbados e moradores de rua que ficavam ali provocando as mulheres que passavam. Brennan continua: “Dominique nunca os criticava, censurava ou repreendia. Ele ria, contava histórias, dividia doces que trazia, aceitava-os como eram. Por viver tanto tempo do seu santuário interior ele transmitia uma paz, um sereno senso de autodomínio e hospitalidade de coração que levava os jovens cínicos e velhos derrotados a gravitarem ao seu redor como ovos ao redor do bacon. Seu testemunho simples consistia em aceitar os outros como eram sem fazer perguntas e permitindo que eles se sentissem em casa no seu coração. Dominique foi a pessoa menos incriminatória que jamais conheci. Ele amava com o coração de Jesus”. Quando questionado sobre quem ele era, falou sobre o amor de Deus por aqueles parias, o que gerou o fim de todas as piadas sujas e provocações às mulheres que ali passavam.
Assim, Jesus quer usar seu povo para acolher os desprezados. Para isso, Ele o purifica para que, através deste povo, as pessoas tenham acesso a Deus.
Mas Jesus também restaura o seu povo, a fim de que ele seja um “local de acolhimento” para todos os que O buscam, quando o ensina a orar com fé.
Ao ver a reação de Pedro diante da figueira seca (v.21), Jesus respondeu com um ensino sobre a oração. A essência deste ensino está nos v.22-24: Respondeu Jesus: “Tenham fé em Deus. Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito. Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá”.
É claro que a intenção de Jesus não é tratar aqui de uma “Lei da mecânica espiritual”. Nem este texto serve de base para avaliarmos a fé de uma pessoa pelas respostas de Deus às orações individuais. Mas, sim, de que só poderemos ser uma “casa de oração para todos os povos” se crermos que Deus nos ouvirá, quando clamamos. Como diz Hebreus 11.6: Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam. O povo de Deus é um povo de fé, ele crê no amor de Deus, em Seu poder e controle sobre todas as coisas. Sabe que Ele fará o melhor aos que O buscam, mesmo que isso signifique permitir o sofrimento e a morte. Sabe que, diferente de muitos religiosos, Ele está atento ao clamor dos necessitados que ousam colocar suas vidas em Suas mãos invisíveis.
Deste modo, a oração é um serviço silencioso. Por definição, não pode requerer lucro, reconhecimento ou atos de gratidão. Mas é um ato de puro serviço e de pura fé. Pois tem em vista, de um lado, o sofrimento alheio e, de outro, a ação “passiva” de entregar tudo nas mãos de um Deus que ninguém nunca viu, cujo amor só podemos perceber pela fé na Sua Palavra; pois de que outra forma, como poderíamos atribuir as coisas boas da vida à mão de Deus e não ao acaso? É dessa forma que Deus capacita Seu povo a servir aos sofredores: dando lhe a oração e a fé nAquele que ouve.
Mas há uma condição expressa nos v.25-26: E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados. Mas se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus não perdoará os seus pecados. Se não perdoarmos o nosso próximo, ou se não tivermos uma boa relação com este, não seremos ouvidos ou perdoados. Nisto vemos, mais uma vez, que a oração se dá na comunhão com o outro. Que não há espaço no Reino de Jesus para a oração individualista, egocêntrica. Como diz Manning, no mesmo livro citado anteriormente, “qualquer espiritualidade que não conduza de um modo de existência autocentrado a um ‘outro-centrado’ está falida”. O povo purificado por Jesus para servir os outros não pode viver em inimizade com ninguém (pelo menos não por vontade própria).
Assim, nossas igrejas devem ser locais de acolhimento, mas também de oração para todos os aflitos, desesperados, confusos, carentes, solitários, para todos quantos trazem as mãos (sejam suas, as da ciência ou de quaisquer possibilidades humanas) atadas e que reconhecem que só Deus pode fazer algo em seu favor. Pois muitos estão fechados à nossa pregação, mas suplicam por nossas orações. Mas isso exigirá uma proximidade com estas pessoas, um acolhimento, um desejo de ir atrás delas, o que só será possível, como vimos, pela ação restauradora de Cristo em nossos corações.
Por isso Bonhoeffer, percebendo que a pregação da igreja alemã (e também americana) dos seus dias havia se tornado vazia – devido à preocupação mais com seu status perante a sociedade do que com seu serviço – sugeriu que a Igreja teria como foco “a oração por nossos irmãos e o fazer o bem a eles. A organização, o pensamento e o discurso cristãos devem renascer dessa oração e dessa ação”. Palavras de um homem de Deus que serviu os violentos moradores de um bairro da periferia de Berlim e que ousava pregar que a salvação só pode vir de Jesus Cristo, numa Alemanha em que todos os púlpitos convenientemente diziam que a salvação vinha de Hitler.
Assim, que não negligenciemos esse importante recurso que Jesus nos dá em favor de todos, a oração com fé. 
Concluindo, em nossos dias, vemos muitas igrejas que exploram ou tratam com indiferença os necessitados. Mas por amor a eles, Jesus restaura o seu povo, a fim de que ele seja um “local de acolhimento” para todos os que O buscam, ao purificá-lo e ao ensiná-lo a orar com fé. Submetamo-nos a esta purificação de nosso egocentrismo e acolhamos o nosso próximo com o amor de Jesus em nós, orando por todos com a fé que Ele nos concede em Seu poder e misericórdia.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Aleluia! Cristo ressuscitou!


Pensando na páscoa, ocorreu-me que seria interessante fazer uma breve interrupção às séries e refletirmos sobre a importância da páscoa para nossas vidas. Lembramo-nos muito de como Cristo morreu por nós na sexta-feira da paixão, mas bem pouco sobre como ressuscitou no domingo. Este texto é tanto o meu desejo de uma feliz páscoa a você, leitor, como também o anseio de que você celebre a páscoa com a perspectiva da ressurreição de Cristo e que, no domingo, você possa dizer alegremente, como os primeiros cristãos diziam: “Aleluia! Cristo ressuscitou!”

1Co 15.12-34

12Ora, se está sendo pregado que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como alguns de vocês estão dizendo que não existe ressurreição dos mortos? 13Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; 14e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm. 15Mais que isso, seremos considerados falsas testemunhas de Deus, pois contra ele testemunhamos que ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Mas se de fato os mortos não ressuscitam, ele também não ressuscitou a Cristo. 16Pois, se os mortos não ressuscitam, nem mesmo Cristo ressuscitou. 17E, se Cristo não ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados. 18Neste caso, também os que dormiram em Cristo estão perdidos. 19Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão.
20Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dentre aqueles que dormiram. 21Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. 22Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. 23Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. 24Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. 25Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. 26O último inimigo a ser destruído é a morte. 27Porque ele "tudo sujeitou debaixo de seus pés" Ora, quando se diz que "tudo" lhe foi sujeito, fica claro que isso não inclui o próprio Deus, que tudo submeteu a Cristo. 28Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos.
29Se não há ressurreição, que farão aqueles que se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que se batizam por eles? 30Também nós, por que estamos nos expondo a perigos o tempo todo? 31Todos os dias enfrento a morte, irmãos; isso digo pelo orgulho que tenho de vocês em Cristo Jesus, nosso Senhor. 32Se foi por meras razões humanas que lutei com feras em Éfeso, que ganhei com isso? Se os mortos não ressuscitam,
"comamos e bebamos, porque amanhã morreremos"
33Não se deixem enganar: "As más companhias corrompem os bons costumes". 34Como justos, recuperem o bom senso e parem de pecar; pois alguns há que não têm conhecimento de Deus; digo isso para vergonha de vocês.

No filme Gattaca, o personagem principal era um homem com diversos “defeitos” físicos, vivendo em um mundo onde só os criados em laboratório para serem geneticamente perfeitos (como seu irmão) tem um lugar na sociedade. Porém os dois costumavam competir para ver quem conseguia nadar até mais longe a partir da praia. O personagem principal, inferior geneticamente, sempre ganhava. Quando questionado pelo irmão sobre como ele conseguia, ele responde: “é porque eu nunca guardei forças para voltar”. Ao que o irmão “perfeito” diz:
- Já estamos longe, vamos voltar!
- Mas estamos quase do outro lado!
- Que outro lado?
O personagem “imperfeito” nadava até o outro lado porque sabia que perto havia um outro lado. Como seu irmão não sabia disso, desistia.
     Da mesma forma que o irmão geneticamente “perfeito” desistia por falta de conhecimento, sem nunca poder chegar ao outro lado, alguns dentre os “irmãos” da igreja de Corinto não possuíam um correto conhecimento de Deus (v.34), ou de Jesus Cristo ressurreto dentre os mortos, e por isso corriam o sério risco de não só afastar-se/ desistir dos caminhos de Jesus, e da própria igreja/ comunidade, como também consequentemente perder toda possibilidade de eles mesmos serem ressurretos dentre os mortos, deixando de receber a vida eterna com Deus.
De fato, Paulo vem relembrando os princípios mais básicos da fé cristã a essa igreja tão problemática. Tal comunidade estava dividida em facções de seguidores de “celebridades” (capítulos 1-4); imoralidade e disputas judiciais entre cristãos, levando o apóstolo até mesmo a sugerir o celibato (cap. 5-7); disputas por direitos como comer ou não carne sacrificada aos ídolos/ deuses pagãos (8-11); problemas e falta de amor nos cultos (11) e disputas entre os que tinham dons espirituais (12-14). Boa parte dessas contendas surgia de um falso senso de conhecimento cristão; tão falso que Paulo diz que ao invés de tratá-los como a “espirituais”, tem de tratá-los como mundanos. Por isso, em todo momento, Paulo fundamenta suas observações e conselhos num conhecimento correto sobre Jesus e os elementos básicos da fé cristã.
No capítulo 15 não é diferente. O risco é sério, pois, diferente dos anteriores, está intimamente relacionado com a condenação eterna ao inferno. O problema fundamenta-se num conhecimento errôneo, como dito acima. Não que nunca tivessem ouvido sobre isso, pois a expressão do v. 34 demonstra o objetivo de Paulo: que eles recuperem o bom senso (NVI), tornem-se novamente sóbrios (ARA) e lembrem-se do evangelho que ouviram dele (15.1).
Por isso Paulo deseja demonstrar que, verdadeiramente, Jesus ressuscitou para nos trazer esperança.
Tal esperança surge em nós quando percebemos que Jesus ressuscitou para nos trazer a ressurreição dos mortos.
Para demonstrar a importância disto, Paulo começa e termina nos mostrando quão horrível seria a situação dos crentes se Jesus nunca tivesse ressuscitado.
Assim ele começa afirmando que se Jesus não ressuscitou, nossa esperança é inútil, estéril, não gera fruto. Em outras palavras, os ateus estão certos em dizer que somos homens tolos que acreditam em contos de fadas; não que Deus não exista (no argumento de Paulo), mas de pouco vale colocar sua esperança em alguém que está morto. Além disso, se se Jesus não ressuscitou, Paulo, Pedro e Apolo – em quem os coríntios se orgulhavam, dizendo “sou de Paulo”, de “Apolo”, ou “de Pedro” (1.12) – eram testemunhas falsas, dizendo mentiras contra Deus. Mas pior que tudo isso: eles e os crentes em Cristo que morreram estavam condenados ao inferno por causa de seus pecados, pois sua fé era enganosa, baseada em mentiras.  Resumindo: se Jesus não ressuscitou, eles criam em mentiras e estavam eternamente condenados. Por isso, Paulo diz que Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, eram os seres mais miseráveis e dignos de pena de toda a raça humana (v.19).
Se isso é verdade, toda a vida cristã é sem sentido. De nada valeria “batizar-se pelos mortos” (o que alguns sugerem se tratar da tentativa errônea de batizar-se em nome de um crente morto que não havia recebido o batismo em vida, para beneficiá-lo), porque eles já estão no inferno. De nada valeriam os sofrimentos de Paulo, correndo risco de vida por causa do evangelho a cada dia, a cada estrada, cidade ou encontro. De nada valeriam as lutas pelo evangelho. Ou seja, se os mortos não ressuscitam (que parece ser a base do argumento daqueles que diziam que Cristo não ressuscitara (v.1, 15b-16)), a vida não tem sentido, não vale a pena, e o melhor que temos a fazer é viver de festa em festa como fazem muitos que não creem em Deus (Se os mortos não ressuscitam,"comamos e bebamos, porque amanhã morreremos", v.32).
Talvez seja por um pensamento semelhante que muitos ou vivem cambaleando no meio cristão, ou nem querem (mais) saber dele. Se os mortos não ressuscitam ou se toda nossa esperança resume-se a essa vida, por que crer em Cristo? Por que obedecê-lo? Adorá-lo? Proclamá-lo? Ou sofrer por Ele? Não admira, de um lado, que muitos não querem saber por que Jesus morreu na cruz; nem, por outro, que tantos abandonem as igrejas. Se não creio ou não me interesso por minha vida após a morte, mas tão somente antes da morte, por que seguir a Cristo? Por que crer em sua ressurreição?
Se nós não podemos ir para o inferno ou para uma vida de eterno prazer com Deus; se a vida acaba-se como uma bolha que se estoura no momento em que morremos, tudo perde o sentido. Toda aquela baboseira que Heidegger e Sartre escreveram (e que damos o nome de existencialismo – a tentativa humana de trazer sentido à vida) não serve senão de ilusão para um grupo de pessoas que tentam desesperadamente não afundar em depressão. Não é a toa que as festas e as “existências” dos “eruditos” da universidade sejam tão parecidas com as de qualquer “iletrado alienado”, que gasta no sábado à noite o que não conseguiu juntar com 40 horas de trabalho semanais. Talvez estes tenham entendido melhor do que aqueles a conclusão lógica de uma vida que acaba de uma vez por todas. Se a vida acaba, toda tentativa de dar sentido a ela (através de prazeres, espiritualidade oca, ou da dedicação aos outros – que também deixarão de existir) é, como dizia o filósofo Soren Kierkegaard, desespero.
Mas (essa palavra de significado tão especial nas cartas de Paulo!) de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dentre aqueles que dormiram (v.20). Se o pecado de um traz a morte de todos, a ressurreição de Jesus (o qual morreu e ressuscitou por todos os que creem nEle) traz vida eterna para todos os crentes.
Ah! A grande mensagem do evangelho é essa: há uma solução para a morte! A ressurreição de Cristo, a qual resolve de uma vez por todas essa questão. De fato a morte ainda ocorre, mas aquilo que era “o maior dos males” foi revertido na maior das alegrias.
É Kierkegaard, em O desespero humano quem nos mostra essa realidade:
Porque na linguagem humana a morte é o fim de tudo, e, como se costuma dizer, enquanto há vida, há esperança. No entanto, para o cristão, a morte de modo algum é o fim de tudo, e nem sequer um simples episódio perdido na realidade única que é a vida eterna. A morte implica para nós infinitamente mais esperança do que a vida comporta, até mesmo quando a saúde e força transbordam.
Desta forma, ao invés de tirar o valor da vida, a morte daquele que crê na ressurreição em Cristo, molda-a e a significa por completo. Cada detalhe é revestido de importância para aqueles que sabem que Deus provará a qualidade da obra de cada um (1Co 3.13). Vale a pena viver, pois se vivermos bem (segundo os critérios de Deus), nada estará perdido. Tal é a diferença entre o padre e o personagem principal (ateu) de “Mar adentro” (filme baseado na história real de Ramón Sampedro). O primeiro sai de cena vivo, o outro se mata no fim do filme.
Pelo mesmo motivo é que John Stott cita as palavras de Joni Tada, também tetraplégica, em seu livro O incomparável Cristo: Nenhuma outra religião, nenhuma outra filosofia promete novo corpo, coração ou mente. Só o Evangelho de Cristo faz com que sofredores encontrem essa esperança incrível.  Não foi à toa que esta mulher “aprendeu a pintar, ficou famosa como conferencista e escritora e desenvolveu um trabalho de ajuda a deficientes físicos”.
Assim, Jesus ressuscitou para trazer a ressurreição dos mortos, a fim de nos encher de uma esperança que vivifica cada momento e aspecto de nossas vidas, enchendo-as de sentido.
No entanto, essa esperança só se completa se vivermos eternamente em um mundo melhor. De que valeria viver eternamente em um mundo cheio de caos, sofrimento e violência?
Felizmente, Jesus ressuscitou para fazer Deus soberano sobre todas as coisas.
Os v.23-28 nos trazem a agenda divina. Segundo ela, Jesus ressuscitou dos mortos primeiro e na ocasião da sua vinda, para trazer o Reino de Deus de uma vez por todas, todos os que têm sua esperança nEle, serão ressurretos dentre os mortos. Neste momento, virá o fim, ou seja, todas as coisas e toda a História atingirão o seu propósito. Isso ocorrerá quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai (v.24). Porém antes disso, todos os “poderes” que lhe são contrários serão destruídos de uma vez por todas. Podemos agrupá-los em duas categorias/ poderes: todo domínio, autoridade e poder (v.24) e a morte (v.26).
Os primeiros são chamados de poderes, pois tratam de seres sobrenaturais (Satanás e seus anjos) que exercem um domínio opressivo de deturpação e destruição sobre a criação de Deus. Embora a responsabilidade humana não seja descartada, o Novo Testamento (sobretudo os evangelhos) divide a realidade humana em dois reinos. O reino de Satanás, com sua violência, escravidão, imoralidade, mentira, corrupção e sofrimento etc. E o Reino de Deus, repleto de alegria, paz, amor, justiça, saúde, santidade, retidão etc.
Jesus ressuscitou para substituir um reino por Outro.
O segundo poder, a morte, age de modo “infalível” sobre toda a vida, de modo que mesmo os cristãos ainda não passam incólumes por ela. Por isso, Paulo diz que é o último a ser destruído. Porém, na vinda de Jesus ela deixará de existir por completo. A alegria não acabará.
De fato Ele fará isso e já começou a fazer. Por isso os v.25 e 27: Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. Porque ele "tudo sujeitou debaixo de seus pés". Contudo, como podemos perceber, assistindo o noticiário, isso é algo ainda não completado. Por causa disso, o v.28 expressa essa vitória gradual no tempo futuro Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito.
].
Mas Jesus não usurpará para si tal governo ...então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos (v.28). Pois seu desejo é que o Pai seja soberano sobre todas as coisas e que todas as coisas sejam segundo a vontade dEle para a total felicidade de Deus e dos cristãos.
Talvez a melhor forma de demonstrar a maravilhosa esperança que esta parte nos traz, seja com a imagem final de todas As Crônicas de Nárnia, em A última batalha (de C.S. Lewis):

...Então Aslam voltou-se para eles, dizendo:
- Vocês ainda não parecem tão felizes como eu gostaria.
- É que estamos com medo de ser mandados embora, Aslam! Já fomos mandados de volta ao nosso próprio mundo muitas vezes.
- Não precisam ter medo – disse o Leão. – Vocês ainda não perceberam?
Sentiram o coração pulsar forte e uma leve esperança foi crescendo dentro deles.
- Aconteceu mesmo um acidente com o trem – explicou Aslam. – Seu pai, sua mãe e todos vocês estão mortos, como se costuma dizer nas Terras Sombrias. Acabaram-se as aulas: chegaram as férias! Acabou-se o sonho: rompeu a manhã!
E, à medida que Ele falava, já não lhes parecia mais um leão. E as coisas que começaram a acontecer a partir daquele momento eram tão lindas e grandiosas que não consigo descrevê-las. Para nós, este é o fim de todas as histórias, e podemos dizer, com absoluta certeza, que todos viveram felizes para sempre. Para eles, porém, este foi apenas o começo da verdadeira história. Toda a vida deles neste mundo e todas as suas aventuras em Nárnia haviam sido apenas a capa e a primeira página do livro. Agora, finalmente, estava começando o Capítulo Um da Grande História que ninguém na terra jamais leu: a história que continua eternamente e na qual cada capítulo é muito melhor do que o anterior.
Deste modo, Paulo nos mostra que a ressurreição de Jesus traz um mundo no qual Deus é soberano sobre todas as coisas e que isto significa o fim de tudo que nos traz sofrimento e desesperança, ao mesmo tempo em que completa o propósito divino de trazer uma era de eterna felicidade.
O propósito de Paulo em tudo isso é que não nos deixemos enganar por aqueles que dizem que não há ressurreição dos mortos; que paremos de pecar, quando não cremos na ressurreição de Cristo e retornemos ao bom senso do evangelho a fim de desfrutarmos da esperança que Jesus nos trouxe quando ressuscitou (v.33 e 34).
Portanto, que nesta páscoa, lembremo-nos daquele que pode ser o único motivo da esperança do homem, Jesus Cristo. Ele ressuscitou para nos trazer a ressurreição dos mortos e fazer Deus soberano sobre todas as coisas. Se crermos nEle, mantendo viva a nossa esperança na nossa ressurreição e na vinda do Reino de Deus com Jesus, teremos uma vida cheia de sentido e uma eternidade repleta de felicidade.