41Jesus sentou-se em frente do lugar onde
eram colocadas as contribuições, e observava a multidão colocando o dinheiro
nas caixas de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias. 42Então,
uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito
pouco valor.
43Chamando a si os seus discípulos, Jesus
declarou: " Verdadeiramente,
afirmo-lhes que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos
os outros. 44Todos deram do que lhes sobrava; mas ela,
da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver".
Palavras como
“compromisso”, “abnegação” e “sacrifício” caíram em desuso hoje. Mesmo em meio
aos cristãos. É verdade; todos dizem que vivem “apenas para Jesus”. Mas quão
poucos são regulares em suas ofertas, sua presença nos cultos, na sua dedicação
à missão. As palavras caíram em desuso, não porque não sejam mais ditas, mas
porque não são mais “encarnadas”. Muitos dos que reclamam da falta de
compromisso dos cristãos, são os menos comprometidos. E também há muitos que
parecem dedicar-se muito, mas aos olhos de Deus, têm feito muito pouco.
Esse parece ser o
caso dos ricos deste texto de Marcos. Eles eram tidos como muito piedosos, mas
davam apenas do que lhes sobrava. Eram como a figueira cheia de folhas, mas sem
frutos (Mc 11.13); como o templo sagrado, mas cheio de ladrões (11.17) e como
os lavradores que queriam tomar a vinha para si. Eram os herodianos e fariseus
hipócritas (12.15); os saduceus que não conhecem as Escrituras nem o poder
de Deus (12.24); ou os mestres da lei, os quais eram ricos porque devoram
as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas orações (12.40).
Mas eis que chega
uma viúva pobre e põe duas moedas de valor insignificante. Apenas o suficiente
para comprar um pão para comer. A diferença entre ela e os ricos é gritante,
pois ela passaria fome aquele dia; era mulher (portanto sem um conhecimento das
Escrituras comparável ao dos opositores de Jesus), viúva, pobre, explorada. Em
sua pobreza, simplicidade e dedicação ela deu mais do que todos os outros,
pois ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver (v.43,44). E
por isso, Jesus a valoriza, e não ao resto.
Mas, e nós? Somos
“ricos” ou “viúvas pobres”?
Infelizmente, hoje
há muitos de nós que são “ricos”. Como um líder de uma igreja que oferta muito,
mas não deposita o fundo de garantia dos seus empregados. Há jovens que são
fervorosos em reuniões de oração e estudo da bíblia, mas que desaparecem quando
começam a namorar; dízimos e ofertas reduzidos quando as contas apertam (embora
o estilo de vida não tenha mudado); faltamos aos cultos (especialmente no
domingo de manhã) porque estamos cansados demais buscando nossos interesses e
não queremos descansar no horário do jogo, no domingo à tarde; damos poucas
“esmolas” porque temos de comprar o novo acessório, ver a última estreia no
cinema ou comer num lugar mais caro. Não agimos como mordomos de “nosso” tempo/
dinheiro/ profissão/ estudos/ amor... pois damos o que “sobra” (o que não nos
faz falta). Vivemos vidas fúteis porque esquecemos que, “Tudo que não é eterno,
é eternamente inútil” (C.S. Lewis).
Mas Deus valoriza aqueles que dedicam toda a sua vida a
Ele. Como essa viúva pobre. Como Toyohiko Kagawa, o qual dividia seu barracão
numa favela e suas duas tigelas de arroz diárias com quem necessitasse, além de
comprar remédios para as prostitutas doentes que viviam em sua vizinhança,
embora não tivesse dinheiro para comprar uma roupa nova em anos. Pois todos
seremos julgados de acordo com o que fazemos, pois nossas ações demonstram a fé
que temos. Como na parábola dos bodes e das ovelhas, quando o Rei nos
responderá Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores
irmãos, a mim o fizeram (Mt 25.40).
A fim de viver para Deus e para o próximo devemos mudar
nosso estilo de vida. John Stott disse: “Nossa obediência cristã exige um
estilo de vida simples (...) o fato de 800 milhões de pessoas estarem na
pobreza absoluta e 10 mil morrerem de fome todo dia, torna inviável qualquer
outro estilo de vida”. Por isso, porque não deixar de sair um fim de semana a
fim de separamos uma quantia por mês para auxiliar uma ONG que cuida de pessoas
carentes? Por que não viver de maneira mais simples a fim de manter
contribuições para pessoas e para a obra de Deus? Por que não deixar de fazer
tantos cursos a fim de ter tempo para dedicar-se a Deus e aos outros? Por que
não combinar com o parceiro de se verem um pouco menos para verem Deus um pouco
mais? Por que não ver a Deus juntos? Por que não sentar e fazer uma lista do
que é inútil, ou do que poderia ser economizado e doado? E do que poderia ser
feito no lugar?
Encerro com as
palavras de C.S. Lewis, em Cartas
do Diabo a seu Aprendiz: “E o
engraçado nisso tudo é que a palavra “meu”, em seu sentido completamente
possessivo, não pode ser emitida por nenhum ser humano a propósito de coisa
nenhuma. A longo prazo, ou o Nosso Pai [Satanás] ou o Inimigo [Deus] dirá “meu”
sobre tudo quanto existe, especialmente, em relação a cada se humano. Não tenha
medo, no final, eles descobrirão a quem seu tempo, suas almas e seus corpos
realmente pertencem – certamente não serão deles independente do que aconteça.
Atualmente, o Inimigo diz “meu” a respeito de tudo sob a alegação pedante e legalista
de que ele tudo criou. Nosso Pai espera poder dizer no final “meu” para todas
as coisas, baseado na razão mais realista e dinâmica da usurpação”.
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