quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Rei vem - Tudo entregarei


Mc 12.41-44

41Jesus sentou-se em frente do lugar onde eram colocadas as contribuições, e observava a multidão colocando o dinheiro nas caixas de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias. 42Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito pouco valor.
43Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: " Verdadeiramente, afirmo-lhes que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. 44Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver".

Palavras como “compromisso”, “abnegação” e “sacrifício” caíram em desuso hoje. Mesmo em meio aos cristãos. É verdade; todos dizem que vivem “apenas para Jesus”. Mas quão poucos são regulares em suas ofertas, sua presença nos cultos, na sua dedicação à missão. As palavras caíram em desuso, não porque não sejam mais ditas, mas porque não são mais “encarnadas”. Muitos dos que reclamam da falta de compromisso dos cristãos, são os menos comprometidos. E também há muitos que parecem dedicar-se muito, mas aos olhos de Deus, têm feito muito pouco.
Esse parece ser o caso dos ricos deste texto de Marcos. Eles eram tidos como muito piedosos, mas davam apenas do que lhes sobrava. Eram como a figueira cheia de folhas, mas sem frutos (Mc 11.13); como o templo sagrado, mas cheio de ladrões (11.17) e como os lavradores que queriam tomar a vinha para si. Eram os herodianos e fariseus hipócritas (12.15); os saduceus que não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus (12.24); ou os mestres da lei, os quais eram ricos porque devoram as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas orações (12.40).
Mas eis que chega uma viúva pobre e põe duas moedas de valor insignificante. Apenas o suficiente para comprar um pão para comer. A diferença entre ela e os ricos é gritante, pois ela passaria fome aquele dia; era mulher (portanto sem um conhecimento das Escrituras comparável ao dos opositores de Jesus), viúva, pobre, explorada. Em sua pobreza, simplicidade e dedicação ela deu mais do que todos os outros, pois ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver (v.43,44). E por isso, Jesus a valoriza, e não ao resto.
Mas, e nós? Somos “ricos” ou “viúvas pobres”?
Infelizmente, hoje há muitos de nós que são “ricos”.  Como um líder de uma igreja que oferta muito, mas não deposita o fundo de garantia dos seus empregados. Há jovens que são fervorosos em reuniões de oração e estudo da bíblia, mas que desaparecem quando começam a namorar; dízimos e ofertas reduzidos quando as contas apertam (embora o estilo de vida não tenha mudado); faltamos aos cultos (especialmente no domingo de manhã) porque estamos cansados demais buscando nossos interesses e não queremos descansar no horário do jogo, no domingo à tarde; damos poucas “esmolas” porque temos de comprar o novo acessório, ver a última estreia no cinema ou comer num lugar mais caro. Não agimos como mordomos de “nosso” tempo/ dinheiro/ profissão/ estudos/ amor... pois damos o que “sobra” (o que não nos faz falta). Vivemos vidas fúteis porque esquecemos que, “Tudo que não é eterno, é eternamente inútil” (C.S. Lewis).
Mas Deus valoriza aqueles que dedicam toda a sua vida a Ele. Como essa viúva pobre. Como Toyohiko Kagawa, o qual dividia seu barracão numa favela e suas duas tigelas de arroz diárias com quem necessitasse, além de comprar remédios para as prostitutas doentes que viviam em sua vizinhança, embora não tivesse dinheiro para comprar uma roupa nova em anos. Pois todos seremos julgados de acordo com o que fazemos, pois nossas ações demonstram a fé que temos. Como na parábola dos bodes e das ovelhas, quando o Rei nos responderá Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram (Mt 25.40).
A fim de viver para Deus e para o próximo devemos mudar nosso estilo de vida. John Stott disse: “Nossa obediência cristã exige um estilo de vida simples (...) o fato de 800 milhões de pessoas estarem na pobreza absoluta e 10 mil morrerem de fome todo dia, torna inviável qualquer outro estilo de vida”. Por isso, porque não deixar de sair um fim de semana a fim de separamos uma quantia por mês para auxiliar uma ONG que cuida de pessoas carentes? Por que não viver de maneira mais simples a fim de manter contribuições para pessoas e para a obra de Deus? Por que não deixar de fazer tantos cursos a fim de ter tempo para dedicar-se a Deus e aos outros? Por que não combinar com o parceiro de se verem um pouco menos para verem Deus um pouco mais? Por que não ver a Deus juntos? Por que não sentar e fazer uma lista do que é inútil, ou do que poderia ser economizado e doado? E do que poderia ser feito no lugar?
Encerro com as palavras de C.S. Lewis, em Cartas do Diabo a seu Aprendiz: “E o engraçado nisso tudo é que a palavra “meu”, em seu sentido completamente possessivo, não pode ser emitida por nenhum ser humano a propósito de coisa nenhuma. A longo prazo, ou o Nosso Pai [Satanás] ou o Inimigo [Deus] dirá “meu” sobre tudo quanto existe, especialmente, em relação a cada se humano. Não tenha medo, no final, eles descobrirão a quem seu tempo, suas almas e seus corpos realmente pertencem – certamente não serão deles independente do que aconteça. Atualmente, o Inimigo diz “meu” a respeito de tudo sob a alegação pedante e legalista de que ele tudo criou. Nosso Pai espera poder dizer no final “meu” para todas as coisas, baseado na razão mais realista e dinâmica da usurpação”.

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