quarta-feira, 20 de junho de 2012

Rio + Gen 2.4-17


Gênesis 2:4-17

4Esta é a história das origens dos céus e da terra, no tempo em que foram criados:
Quando o Senhor Deus fez a terra e os céus,5ainda não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia germinado, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia homem para cultivar o solo.
 6Todavia brotava água da terra e irrigava toda a superfície do solo.
7Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente.
8Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, para os lados do leste; e ali colocou o homem que formara.9Então o Senhor Deus fez nascer do solo todo tipo de árvores agradáveis aos olhos e boas para alimento. E no meio do jardim estavam a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal...
15O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo.
16E o Senhor Deus ordenou ao homem: "Coma livremente de qualquer árvore do jardim, 17mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá".

Os noticiários voltaram seus olhos para o Rio +20. A expectativa em torno deste evento é a de um “mundo justo e sustentável”: eliminação da pobreza e um cuidado rigoroso do meio ambiente são alvos levantados. Há 20 anos, quando a situação já era alarmante, tivemos a Eco 92. Desde então, pouco se fez. Ao que parece, não acreditávamos que cuidar do planeta fosse ou algo com o que deveríamos nos preocupar ou uma tarefa nossa a desempenhar.
Porém ainda estamos lerdos. Não cuidamos de nossa vizinhança, não tratamos de projetos sérios em nossas igrejas (mesmo com o movimento das Igrejas Ecocidadãs), gastamos vários copos descartáveis em nossas igrejas, não pensamos em como reduzir o consumo de papel (ou exigir que nossos boletins de igreja – são mesmo tão necessários numa era virtual? – sejam ao menos impressos em papéis reciclados)...enfim, muita coisa pode ser mudada. E deve. Pois o meio ambiente não é apenas a nossa casa. Ele é a nossa incumbência.
Essa é a lição de Gn 2.4-17 (além de outras... mas tudo a seu tempo). Os v.4-5, trazem a imagem de uma criação que não se desenvolve, pois ainda não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia germinado. Embora isso pareça estranho – sobretudo quando comparado com a criação completa em Gn 2.1 – não é. Se o leitor bem se lembra, Gênesis é escrito por um povo que tem uma visão de um Deus em movimento, sempre trabalhando. Assim, Deus faz tudo perfeito, nada faltando acrescentar, mas a obra é contínua. E isso é proposital. O v.5, além de nos dizer o porquê da vida não se desenvolver - porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia homem para cultivar o solo – também nos abrem para o que Deus fará em seguida.
A primeira coisa é que Deus mesmo se envolve no processo de irrigação. No v. 6 diz-se que a água brota da terra (não névoa, nem orvalho) e é o suficiente para irrigar toda a superfície do solo. Os v. 10-14, trazem o como: do Éden nasce um rio, que se divide em quatro. Em outras palavras, do Éden a vida jorra, devido ao cuidado de Deus.
Da mesma forma, se há vida hoje isso se deve a Deus. O sol, a chuva, o fato de o desequilíbrio não ser maior do que já é e a possibilidade de continuarmos a viver deve-se a Deus, no qual vivemos, nos movemos e existimos (At 17.28), no Pai, que faz raiar o sol...e derrama chuva (Mt 5.45) e no Filho, em quem tudo subsiste (Cl 1.17). Mesmo a lista de Jó 38.25-39.30 não é suficiente para vermos o seu cuidado meticuloso com tudo o que Ele criou.
Além disso, Deus cria o homem para que ele participe deste trabalho. Já na criação dele vemos um ato diferenciado: modelado como que por um escultor e vivificado com o próprio sopro de Deus. Ele é colocado no jardim. Um jardim (a melhor tradução seria pomar) de árvores agradáveis e boas (do mesmo modo que a árvore do conhecimento do bem e do mal), chamado de Éden, “lugar de delícias”.
Lá (aqui) o homem tem uma missão: cuidar do jardim e cultivá-lo. Essa tarefa é antes da queda (o que significa que o trabalho não é maldição, mas faz parte da nossa essência) e a sucede (Gn 3.23).
Até quando? O jardim é chamado de “paraíso” na tradução grega (septuaginta), que emprestou essa palavra persa usada para se referir ao jardim do rei da babilônia: os famosos jardins suspensos. Essa é a mesma palavra grega usada para se referir ao paraíso cristão. Assim, respondendo a questão: até que Cristo volte para fazer deste paraíso quebrado, “um novo lugar de delícias”.
Isso coloca em nós um dever duplo. Primeiro cuidar (a melhor tradução é proteger) do meio ambiente [ver o segundo parágrafo e digitar “jejum de carbono”, “igrejas ecocidadãs” e/ ou “a rocha” no google]. A segunda é cultivar/ lavrar/ ajudar a criação a atingir sua finalidade. Em outras palavras, tudo que os agrônomos, pecuaristas, biólogos, geneticistas, profissionais da saúde, veterinários e todos os profissionais ligados direta ou indiretamente à criação (isso inclui nosso corpo, mente e alma) fazem: engenheiros e operários que fazem carros que poluem menos (assim como químicos que desenvolvem detergentes biodegradáveis); professores que ajudam seus alunos a serem cidadãos de verdade e a desenvolverem todo o seu potencial; artistas que retratam a criação ou nos ajudam em nossos dilemas; e assistentes sociais e advogados que ajudam pessoas e comunidades a lutar por seus direitos etc. Tudo que é feito para fazer deste mundo um lugar justo e sustentável (e muito mais que isso) é uma vocação dada por Deus a cada um para participarmos da sua obra que traz vida a este mundo.
Mas isso nos coloca diante de uma escolha, entre duas árvores: buscar inutilmente o lugar de Deus, resultando em exploração e destruição da criação (a sugestão diabólica de Gn 3.4-5, tendo o conhecimento do bem ou do mal, sem conseguir cumprir plenamente o bem = sem ser Deus) ou aceitar nosso lugar abaixo de Deus, com nossa tarefa e desfrutar eternamente da árvore da vida que fica no meio jardim. Abaixo dela passa o rio da vida e ela frutifica doze meses por ano, uma por mês. As folhas da árvore servem para a cura das nações (Ap 22.1-2).

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