Mc 11.1-10
1Quando se aproximaram de Jerusalém e
chegaram a Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, Jesus enviou dois
de seus discípulos, 2dizendo-lhes: "Vão ao povoado que
está adiante de vocês; logo que entrarem, encontrarão um jumentinho amarrado,
no qual ninguém jamais montou. Desamarrem-no e tragam-no aqui. 3Se
alguém lhes perguntar: 'Por que vocês estão fazendo isso?', digam-lhe: O Senhor
precisa dele e logo o devolverá".
4Eles foram e encontraram um jumentinho na
rua, amarrado a um portão. Enquanto o desamarravam, 5alguns
dos que ali estavam lhes perguntaram: "O que vocês estão fazendo,
desamarrando esse jumentinho?" 6Os discípulos
responderam como Jesus lhes tinha dito, e eles os deixaram ir. 7Trouxeram
o jumentinho a Jesus, puseram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou. 8Muitos
estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam cortado
nos campos. 9Os que iam adiante dele e os que o seguiam
gritavam:
"Hosana!"
"Bendito é o que vem
em nome do Senhor!"
10"Bendito é o Reino vindouro de nosso
pai Davi!"
"Hosana nas alturas!"
Já faz um bom tempo que temos lido diversas notícias sobre
a queda de governantes e líderes considerados opressores em países do Oriente
Médio, Próximo e na África. Tem havido um anseio por libertação política como
meio de conquistar um mundo melhor.
Da mesma forma, os judeus da época de Jesus viviam sob o
jugo do Império Romano e ansiavam por um mundo melhor.
Eles ansiavam pela vinda do Messias, o Cristo, o Rei
descendente do rei Davi que libertaria o povo judeu da opressão e a
substituiria por um reino eterno de felicidade. Percebemos isso no clamor/
exaltação a Jesus, hosana. A expressão que adquire um caráter de
exaltação, também é encontrada no Sl 118.25, onde é traduzida como Salva-nos,
Senhor! De fato, podemos perceber elementos em comum aos dois textos: Bendito é
o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos. O Senhor
é Deus, e ele fez resplandecer sobre nós a sua luz. Juntem-se ao cortejo
festivo, levando ramos até as pontas do altar (Sl 118.26-27).
Assim, eles viam Jesus como a resposta de Deus aos anseios
expressos no Sl 118, que costumava ser entoado na celebração da Páscoa. Ele
fala da resposta divina frente aos clamores do povo cercado por seus inimigos –
Na minha angústia clamei ao Senhor; e o Senhor me respondeu, dando-me ampla
liberdade. Todas as nações me cercaram, mas em nome do Senhor eu as derrotei.
(v. 5,10) – uma situação bem parecida à do povo judeu na época de Jesus.
Então, vemos que este povo vivia oprimido pelo Império
Romano, ansiando por um mundo melhor.
Não é isto que queremos hoje? Sentimo-nos oprimidos e
ansiamos por um mundo melhor.
Apesar das quedas dos opressores citadas acima, a situação
de alguns desses países ainda é no mínimo instável. Ainda que no Brasil não
passemos por isso, somos, de todos os lados, afligidos com notícias de
violência em escolas, corrupção, problemas no atendimento à saúde da população,
dívidas, desemprego etc. Uma situação de tal desesperança que levou até mesmo
um candidato, que antes seria considerado improvável, a vencer com o slogan
“Pior do que está não fica”.
Foi observando um mundo assim, que a banda Jars of Clay nos
leva a um mundo conturbado, suspirando em coro por um auxílio:
Como a música indica, por sermos incapazes de resolver
tantos problemas, precisamos clamar por alguém suficientemente poderoso e com
autoridade para mudar tudo o que está errado. Devemos reconhecê-lo, recebê-lo,
celebrá-lo e obedecê-lo a fim de participarmos de tal situação. E por que não
fazê-lo? Nós que nos sentimos oprimidos e ansiamos por um mundo melhor?
Para o nosso ânimo, no fim desse trecho de Marcos há um cortejo
festivo; porque Jesus é o Rei esperado que vem trazendo um Reino de paz e alegria,
como diz o Sl 118.24: Este é o dia em que o Senhor agiu; alegremo-nos e
exultemos neste dia.
Quando aquele povo viu Jesus, o já reconhecido Messias,
vindo num jumentinho em direção à Jerusalém, lembrou-se da promessa de Deus em
Zc 9.9-10: Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu
rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um
jumentinho, cria de jumenta. Ele destruirá os carros de guerra de Efraim e
os cavalos de Jerusalém, e os arcos de batalha serão quebrados. Ele
proclamará paz às nações e dominará de um mar a outro, e do Eufrates até os
confins da terra.
“É este o momento! O Rei vem! Ele libertará o nosso povo! O
Império Romano será expulso! O sofrimento, a dor, as doenças e o pecado
cessarão entre nós! Vêm a paz, a justiça e a alegria!”.
Com este sentimento, eles uniram-se a Jesus, indo em
direção à Jerusalém ao redor dele; proclamando e clamando o favor divino,
celebrando e festejando a vinda do Rei Jesus. Toda a passagem traz essa marca
do senhorio de Jesus. A ordem dada aos discípulos (v.1-3) e a aceitação da
resposta dos discípulos aos homens da aldeia (O Senhor precisa dele...,
v. 3) demonstram tanto a expectativa messiânica, quanto a autoridade de
Jesus. Sem isso, a cena perde o seu sentido.
De fato, o reinado e a salvação de Jesus ficam sem sentido
se “retirarmos” Sua soberania. Porque ela é a condição sem a qual todas as
maravilhas esperadas pelo povo judeu fracassariam. Pois como Jesus poderia
mudar tudo o que traz sofrimento se não possuísse domínio, autoridade e poder
sobre todas as coisas, nações, pessoas e detalhes da existência humana? Assim,
é unicamente por ser Rei, é que Ele pode trazer o Seu Reino maravilhoso. Por
isso, Jesus é alegremente recebido, num cortejo festivo, com ramos e vestes em
seu caminho, tudo digno da vinda de um Rei tão aguardado!
Tudo isso ocorre, porque Jesus é o Rei esperado que vem
trazendo um Reino de paz e alegria.
Se é assim, só Ele que possui autoridade sobre todas as
coisas (Fp 2.9-11), pode nos trazer um mundo melhor. É com isso em mente, que
alguns homens foram responsáveis por melhorias significativas no meio em que
viveram. Apesar de atitudes condenadas por muitos, é inegável a contribuição de
Calvino ao influenciar a política em Genebra: assistência social aos
necessitados sem discriminação de nacionalidade; ajuda e cuidado com a saúde
popular através de um programa de visita médica domiciliar; esforços do governo
na capacitação profissional; combate ao desemprego com oferta de trabalho pelo
governo; ênfase no amparo aos pobres; idosos e desamparados; limitação dos
juros nos empréstimos; ataque frontal à escravidão; grande esforço na educação
de todos etc. Além disso, poderíamos acrescentar os 25 anos do parlamentar
William Wilberforce contra o tráfíco negreiro inglês e as lutas do Primeiro
Ministro Abraham Kuyper, que disse não haver um só centímetro do universo sobre
o qual Cristo não coloque Seu dedo e diga “meu”.
Esses homens agiram assim porque entendiam que o mundo só
possui paz e felicidade quando Jesus o domina em todos os mínimos aspectos e que
isso se concretiza na obediência de cada ser humano aos seus mandamentos e
propósitos. Eles acreditavam que o senhorio de Jesus, longe de ser opressivo,
traz liberdade, justiça, paz e alegria aos homens. E, por isso, mudaram o mundo
ao seu redor, na tentativa de serem bons servos de Jesus Cristo.
Só quando Jesus reinar através de seus servos obedientes é
que este mundo terá uma esperança real de progresso duradouro e significativo.
O resultado desse domínio será a celebração eterna registrada em Ap 5.12,13: e
cantavam em alta voz: "Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder,
riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!". Que esta
perspectiva nos leve a celebrar o reinado de Jesus, hoje, em obediência e
louvor:
Todo o planeta geme debaixo da opressão, ansiando por um
mundo melhor. Porém, só Jesus pode concedê-lo. Ele o faz através de seu povo
que o obedece e celebra. Que essa obediência e celebração sejam vivificadas
neste próximo domingo de ramos e durem eternamente!
Marcelo, terminei de ler seu texto com fôlego novo para clamar. Que Deus continue lhe dando esta profundidade. Abraço, Lívia
ResponderExcluir